Seja um voluntário no Brasil e no mundo

Cada vez mais pessoas estão deixando seus sonhos próprios para viver o sonho de outros. Descubra como ser um voluntário no Brasil e no mundo.

Estude na Bíblia:

Uma missão para todos

Existem voluntários que cruzam os oceanos para ajudar outras pessoas e existem aqueles que ajudam em suas próprias comunidades.

Milhares de jovens dedicam parte da vida em trabalhos solidários. Entenda porque o voluntariado tem se tornado tão popular.

A crise migratória na Europa mobilizou o mundo ocidental na ajuda humanitária. Milhares de europeus adotaram uma postura que até anos atrás era impensável: ver com bons olhos a entrada de imigrantes. Até países como o Brasil, mesmo a 10 mil km de distância, tem abrigado refugiados. O país concedeu asilo a mais imigrantes sírios do que países que servem como ponto de chegada para os refugiados na Europa. Entre 2011, quando teve início a crise na Síria, e agosto de 2015, o Brasil autorizou a entrada de 2.077 sírios em seu território, quantidade superior à Grécia (1.275), Espanha (1.335), Itália (1.005) e Portugal (15).

O Brasil também é visto como um bom destino pelos haitianos. Segundo dados da Polícia Federal, entre 2010 e 2014, mais de 39 mil deles entraram no país. O forte terremoto ocorrido no Haiti em 12 de Janeiro de 2010 foi o que impulsionou a migração deste povo para o território brasileiro.

O haitiano Clarens Cherry tem 23 anos e chegou ao Brasil em 2013 em busca de oportunidades de trabalho e estudo. Após entrar no país pelo Acre, Cherry escolheu como destino a cidade de Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, e logo foi acolhido por uma família que o ajudou a encontrar emprego. Hoje, ele é estudante de Direito e estagiário da Secretaria Municipal de Assistência Social no município. Além de suas atividades rotineiras, ele procura ajudar os haitianos que lá chegam sem perspectiva de uma ocupação profissional.  

Após o terremoto, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) enviou mais de 3 milhões de euros, voluntários e bens para ajudar os sobreviventes haitianos, e construiu mais de 2,5 mil abrigos para famílias desalojadas, os quais beneficiaram cerca de 15 mil pessoas sem abrigo.

De acordo com o World Giving Index, principal pesquisa mundial sobre doações, os desastres ambientais sensibilizam parte da sociedade a adotar uma postura solidária. O rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, em Minas Gerais, contaminou com metais pesados o Rio Doce, deixando cidades mineiras e capixabas sem fornecimento de água. Em duas semanas, a ADRA arrecadou 200 mil litros de água, quantidade suficiente para abastecer cerca 10 mil pessoas da cidade de Governador Valadares por uma semana.

Existe um grupo de motociclistas adventistas que atuam como voluntários em diversos encontros nacionais. O Moto Clube Adventista promove Feiras de Vida e Saúde no Estado de São Paulo. O grupo existe há 13 anos e reúne motociclistas de Arapiraca, Recife, Manaus, Caxias do Sul, São Paulo, Artur Nogueira, Jundiaí, entre outras cidades. Nas oportunidades, os voluntários ofereceram testes de glicemia, aferiram pressão arterial, ofereceram massagens relaxantes e deram dicas de como cuidar melhor da saúde através da alimentação e da prática de exercícios físicos. Assista ao vídeo ao lado e saiba mais.

COSTUMES

Mas existe também o outro lado da moeda. O carro, por exemplo, é um dos principais ícones do individualismo e da expansão patrimonial. O uso diário do automóvel tem transformado não só o espaço urbano – com a ampliação de pistas e diminuição de calçadas e espaços públicos – como também tem alterado o status do homem como um ser social. No artigo “O individualismo motorizado”, publicado no blog Direitos Urbanos, o professor de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Érico Andrade, afirma que o uso do carro “expressa a irracionalidade do individualismo: um transporte de duas toneladas para uma pessoa de 80 quilos” e completa que “o gasto energético e ambiental para a produção do carro é exorbitante”.

Há muito tempo a bicicleta deixou de ser somente um meio de lazer e prática de exercício físico. Em muitas cidades, ela já é utilizada como transporte alternativo. Mas os ciclistas que a adotaram para percorrer o trajeto de casa para o trabalho, por exemplo, ainda enfrentam a falta de ciclovias e ciclofaixas. Para incentivar que as pessoas utilizem a bicicleta no dia a dia, ensinando as melhores rotas da cidade e medidas de segurança no trânsito, a Rede Bike Anjo foi criada em 2012, na cidade de São Paulo.

Hoje, a iniciativa conta com 1,5 mil bike anjos (instrutores) em 250 cidades do Brasil. Em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, a Rede organiza mensalmente orientações de trajeto e cursos para quem quer aprender a pedalar. Kali Ferreira, 9, e Regina Costa, 56, aprenderam a andar de bicicleta em uma das atividades da Bike Anjo Floripa.

ECONOMIA

A frieza dos números e da razão que predominam na economia sugerem que o melhor para o mundo dos negócios é a postura egoísta. No entanto, a solidariedade pode ser benéfica do ponto de vista econômico. De acordo com o economista Waldir Kiel, as doações, desde que efetuadas de forma planejada e constante, geram não apenas melhores condições de vida ao beneficiado, como o inclui no mercado consumidor. Com isso, a economia do país também cresce.

No fim da década passada, o Brasil teve o melhor momento econômico deste século. A política social do governo brasileiro intensificou a redistribuição de renda no País, o que contribuiu para o crescimento da classe média, principalmente nas comunidade de baixa renda. Não à toa, atualmente a maioria dos brasileiros pertencem à classe “C”, considerada a nova classe média brasileira.

65% dos moradores de favelas no Brasil são de classe média - Data Popular, 2013.

Ao levar em consideração o custo benefício de programas sociais para o desenvolvimento econômico, Kiel avalia que o orçamento de programas como o Bolsa Família deveria ser ampliado. “Os cerca de 25 bilhões de reais destinados atualmente para o Bolsa Família é um gasto muito pequeno”, analisa. Ele ressalta que a cada R$1,00 direcionado ao programa, é acrescentado R$ 1,78 no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.  Contudo, o período de recessão econômica ameaça as 3,3 milhões de famílias que ascenderam à classe “C” entre 2006 e 2012. De acordo com a consultoria Tendências, essas famílias devem voltar às classes “D” e “E” até o fim de 2017, caso a economia do País continue com índices ruins.

RESPONSABILIDADE DE TODOS 

Apesar do esforço do governo brasileiro com políticas assistencialistas, a presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), Paula Fabiani, entende que a resolução de problemas sociais é responsabilidade de todos. “Há no Brasil a ideia de que os problemas sociais têm de ser resolvidos pelo Estado, o que tira a importância da própria sociedade em ajudar a resolvê-los”, diagnostica. De acordo com Paula, os projetos implantados por instituições públicas não podem falhar no atendimento à população e, por isso, o espaço para o desenvolvimento de novas metodologias no campo social está na iniciativa privada.

“A iniciativa privada pode ser o celeiro de inovações no campo social”, Paula Fabiani.

O IDIS lidera uma iniciativa que vai traçar o perfil do doador brasileiro e mapear as dificuldades que impedem o Brasil de registrar mais engajamento do cidadão em doações a entidades sem fins lucrativos. De acordo com a pesquisa “Retrato da doação no Brasil”, realizada pelo instituto IPSOS em 2013, cerca de ⅓ do dinheiro doado pelos brasileiros é destinado a pedintes, enquanto 14% vai para organizações da sociedade civil. O objetivo da iniciativa do IDIS é criar uma campanha que resulte em incentivos para a doação e motive o brasileiro a doar e participar de forma ativa na solução dos problemas do País.

“73% do brasileiros não se sentem estimulados a doar no círculo de convivência”, IPSOS, 2013.

Desde de 2009 o World Giving Index produz um ranking dos países onde há mais doação de dinheiro para organizações sociais, voluntários e ajuda a estranhos e a pessoas conhecidas. Os resultados de 2015, liderados por Mianmar e Estados Unidos, mostram que a relação entre riqueza econômica e doação é pouca. Das sete principais economias do mundo – grupo denominado G7 – apenas três aparecem nas 20 primeiras posições do World Giving Index. O Brasil aparece na 105ª posição do ranking.

Doar dinheiro não é a única forma de ajudar as pessoas. No Brasil, a doação de roupas é uma prática muito comum. Afinal, todo mundo tem bastante roupas e algumas não estão sendo usadas há muito tempo. Quer saber como doar? Assista ao vídeo ao lado. 

Projetos como a Campanha do Agasalho que coleta roupas antes do inverno e distribui para famílias carentes ajudam centenas de pessoas por ano. O projeto The Street Store, nascido na África do Sul, em 2014, também recolhe e doa roupas, mas de uma forma diferente. As peças doadas são expostas em cabides, como em uma loja, onde as pessoas podem escolher as roupas que querem levar sem custo. Em setembro de 2015, voluntários de Santa Catarina realizaram pela primeira vez o evento em Florianópolis. Foram arrecadadas 1,5 mil peças de roupas, sapatos e cobertores. De acordo com os organizadores, a primeira loja de roupa no mundo voltada para moradores de rua proporciona não apenas vestimentas, como também uma experiência de compra.

DUPLA PERSONALIDADE 

A relutância de qualquer consumidor em pagar impostos, mesmo sabendo que o dinheiro arrecadado pode ser revertido em projetos sociais, revela que a maioria das pessoas possui uma espécie de dupla personalidade. De acordo com o economista Robert Reich, no livro Supercapitalismo: como o capitalismo tem transformado os negócios, a democracia e o cotidiano, a definição de uma postura solidária ou individualista depende da perspectiva pela qual a questão é analisada. Para Reich, quando o ser humano se coloca como cidadão, a tendência é a personalidade solidária falar mais alto. No entanto, quando confrontado com a conta a pagar, é a postura egoísta que costuma ser mais forte.

DUPLO INTERESSE 

Se a solidariedade revela a dupla personalidade de pessoas, com as empresas há duplicidade no interesse. Com a consolidação de estratégias de marketing no mundo corporativo, cada vez mais empresas desenvolvem ações sociais como forma de atrair consumidores. O chamado marketing social, na opinião da presidente da IDIS, é uma boa forma de desenvolver a solidariedade, desde que essas ações estejam alinhadas com o plano de negócios da empresa. “Se essas ações são apenas pontuais, correm o risco de serem descontinuadas em mudanças de gestão”, opina Paula Fabiani. Para ela, o impacto que as ações de solidariedade tem na sociedade em que a empresa está inserida deve ser o principal fator de legitimidade de estratégias solidárias.

Independente da motivação, quem se envolve com projetos solidários não só ajuda outras pessoas, como também se beneficia. O publicitário Pedro Caron dedica, desde 2012, parte do período de férias a algum projeto voluntário. Para ele, quem se dedica ao trabalho voluntário tem vantagens: além de conhecer outros lugares e culturas, a experiência de viver uma realidade distinta do cotidiano o ajuda a melhorar como ser humano. “A gente perde manias e preconceitos e descobre uma fonte de felicidade: ser útil para outras pessoas”, diz. 

Uma de suas experiências como voluntário foi no projeto Salva Vidas Amazônia, inciativa que presta auxílio de saúde e espiritual para comunidades ribeirinhas do Amazonas. Atualmente, ela conta com 44 voluntários em tempo integral e atende cerca de 50 comunidades na região da floresta amazônica. Neide, moradora da comunidade Nova Esperança, acredita que o esforço dos voluntários constitui um desafio muito grande, mas ela identificou uma motivação no comportamento dos forasteiros. “Parece que pra eles isso aqui é uma aventura. Quando chegam aqui, tudo é novidade. Nunca comeu isso, nunca fez aquilo, nunca viu tal animal”, explica. No caso de Caron, a novidade foi ter nadado com um boto-cor-de-rosa, um sonho de infância realizado em julho de 2015. A viagem ao Amazonas foi uma das muitas que já vez para ajudar outras pessoas. O publicitário esteve em Guiné Bissau, em 2017, com um grupo de voluntários brasileiros. Atualmente, eles atua como voluntário em uma Igreja Adventista nos Estados Unidos. 

Pedro Caron

SAIR DA ZONA DE CONFORTO 

O advento da internet permitiu que pessoas compartilhassem as causas que apoiam, o que causou um dos maiores desafios para quem quer ser solidário: passar da esfera do apoio para a ação real. Se as redes sociais são ferramentas estratégicas para atingir um grande número de pessoas, elas também podem gerar um falso engajamento. Em 2013, a Crisis Relief, de Cingapura, uma organização de ajuda humanitária, lançou a campanha publicitária Curtir não é ajudar, com o objetivo de mobilizar as pessoas a não apenas compartilhar e curtir postagens nas redes sociais, mas sim partir para ações reais.

Teste

Você se considera solidário?

No último mês, você doou dinheiro para alguma organização social?

No último mês, você trabalhou como voluntário(a) em alguma organização?

No último mês, você ajudou algum estranho(a) que precisava de ajuda?

No último mês, você organizou algum evento para arrecadar fundos para alguma organização social?

No último mês, você conduziu algum necessitado a um abrigo?

Parabéns por ser uma pessoa solidária e amável com os outros. Sabemos que ser gentil não deveria ser uma qualidade, mas em tempos onde o egoísmo impera, com certeza, gentileza é sempre uma grande característica. Continue se envolvendo em projetos sociais e atuando como voluntário onde puder, já que você gosta tanto disso. Aliás, já pensou em passar um tempo fazendo trabalho voluntário em algum lugar fora no Brasil ou em outro Estado? São muitas possibilidades. Inclusive, você sabia que a Bíblia também fala sobre como usar seus talentos e qualidades no voluntariado? Saiba Mais.

Pelo jeito você tem dificuldade em ser solidário. Mas tudo bem! É possível que você ainda não tenha tido uma experiência que o(a) ajude a resolver isso. O que você acha de procurar um ONG ou criar sua própria ação solidária? Sabe, quem ajuda é mais beneficiado do que quem é ajudado. Acredite. Inclusive, você sabia que a Bíblia também fala sobre como usar seus talentos e qualidades no voluntariado? Saiba Mais.

Você tem uma natureza muito solidária, mais ainda falta um pouco de engajamento, não é? Tente se envolver em projetos solidários como um voluntário fiel. Isso vai ser muito bom para você e para quem for ajudado, é claro. Inclusive, você sabia que a Bíblia também fala sobre como usar seus talentos e qualidades no voluntariado? Saiba Mais.

Você também pode ajudar com a sua profissão. Já pensou em separar um tempinho da sua semana para ajudar ao próximo?

Giu Verano

Giuliana Verano, 20 anos, era modelo no interior de São Paulo quando, em meados de 2014, escolheu abandonar a carreira para ser professora voluntária no Vilarejo de Laura, nas Ilhas Marshall, localizado na Micronésia. Nesse período, ela ficou sete meses no povoado, onde ensinava inglês, matemática, ciências, artes, educação física, estudos sociais e estudos religiosos para as crianças nativas.

Para ela, a decisão de abandonar a profissão para ser voluntária foi a melhor, e a mais feliz também, que já fez. “Quando a agência soube do meu interesse de viajar e da minha decisão, me ofereceram diversas oportunidades para fora do País. Mas isso nem despertou minha curiosidade. Acho que nunca em minha vida estive tão focada”, lembra. Giuliana faz parte de um grupo que vai para outros países para atuar como voluntários durante um tempo no programa do Serviço Voluntário Adventista (SVA).

Doar cabelo para pessoas que estão tratando câncer também é uma forma de voluntariado. Quer saber como? Confira no vídeo ao lado:

Tiago Stange

Thiago Stange é um jovem médico, formado pela Universidade Adventista Del Plata há dois anos, e decidiu separar alguns dias do mês de julho de 2015 para ajudar outras pessoas que necessitam de amparo. Nesta oportunidade, pôde atuar como um profissional da área da saúde, auxiliando comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas.

Com outros voluntários da Universidade de Loma Linda, nos Estados Unidos, Thiago esteve envolvido no projeto Salva Vidas Amazônia. O programa, que é mantido por um grupo de membros da Igreja Adventista, concentrou suas atividades próximo de Coari, município com aproximadamente 67 mil habitantes. Thiago esteve por 13 dias na região, atuando em feiras de saúde, consultas médicas e odontológicas.O médico ressalta a dificuldade de lidar com os tipos diferentes de doenças encontradas na região. “Encontramos doenças infecciosas tropicais, que são enfermidades bem diferentes das que estamos acostumados a lidar no dia-a-dia aqui no Sudeste”, constata.

Ajudar também é uma forma quebrar paradigmas. Afinal, é preciso romper preconceitos e barreiras religiosas também. Assista ao vídeo ao lado e veja um exemplo disso:

Walysson Santos

O voluntário Walysson Santos ajudou a fundar uma clínica de atendimento médico em Arbil, no Iraque. Ao longo de 15 dias ele passou por Guiné Bissau, Egito e Iraque prestando socorro às vítimas de atentados terroristas. De acordo com ele, “esse tipo de trabalho é essencial, pois essas pessoas, além de famintas e doentes, sofrem discriminação racial e social da própria comunidade”.

Segundo um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2016, existem mais de 65 milhões de refugiados em todo o mundo. Desde 2012, a Agência da ONU para Refugiados, ACNUR, registra o aumento de 4% a cada ano. Os conflitos na Síria são os principais motivadores do aumento destes números. Este fator também desperta cada vez mais o voluntariado em campos de refugiados.Os voluntários oferecem apoio médico e ajudam na adaptação dos indivíduos à nova cultura.

Muitos religiosos estão envolvidos em projetos de voluntariado pelo mundo. São tantos que não dá nem para contar. Uma das motivações são os propósitos e inspirações bíblicos. Jovens e adolescentes tentam seguir o exemplo de Jesus Cristo, retratado na Bíblia como um homem solidário e gentil. O próprio livro fala sobre o uso de talentos ou dons para realizar estes trabalhos. Ficou curioso sobre o assunto? Saiba Mais