Saiba como parar de consumir pornografia

Brasileiros passam de 7 a 8 minutos por dia em sites pornográficos. Saiba mais sobre esse vício, como ele pode afetar sua vida e como se livrar desse mal.

Estude na Bíblia:

Fé, arrependimento e confissão

Houve um aumento de quase 25% no número de consumidores de pornografia, em abril de 2020.

Em média, 81 milhões de pessoas acessam conteúdos pornográficos no mundo todos os dias.

5 PERFIS DE CONSUMIDORES DE PORNOGRAFIA 

Antes de tudo, é importante entender quais são os grupos que mais consomem pornografia no mundo e no Brasil:

1) HOMENS

Dos mais de 22 milhões de brasileiros que assumem consumir pornografia, 76% são homens. O que para muitos não é surpresa, pode ser explicado pela ciência. Karen Kropf, autora do livro “Sex Makes People Stupid” (Sexo faz pessoas estúpidas – tradução livre), acentua que os homens são os principais usuários, visto que seu sistema de resposta sexual opera 3,4 vezes mais rápido do que respostas a situações comuns. Normalmente, o homem assiste sozinho, para se manter atualizado, pra relaxar, aliviar-se ou para ser estimulado por algo que ele não tem com sua parceira.

2) JOVENS

A maior parte dos consumidores têm menos de 35 anos. Segundo Kropf, 42% dos estudantes universitários do sexo masculino visitam sites pornográficos com regularidade, e 53% confessaram ter desenvolvido o hábito entre 12 e 14 anos. Os mais jovens estão na fase de descoberta do prazer e a secreção hormonal é mais intensa.

3) MULHERES

Embora representem 24% dos consumidores no Brasil, o país está em primeiro lugar, junto as Filipinas, no ranking de consumidoras de pornografia do sexo feminino. Segundo pesquisa realizada pelos dois maiores sites pornográficos da internet, no Brasil, 35% do público desses sites é composto por mulheres. Elas não consomem com a mesma frequência e intensidade que os homens, porém, estudos mostram que elas veem a pornografia como algo mais funcional, para saber mais sobre como é, para aquecer a relação. O objetivo geralmente é encontrar inspiração para sair da rotina.

4) COMPROMETIDOS

De cada 10 consumidores de produtos audiovisuais pornográficos, 7 são comprometidos (casados ou namorando). Normalmente buscam satisfazer os desejos não supridos pelo parceiro. A psicóloga Mary Ferreira afirma que a falta de comunicação entre o casal e o vício prévio podem estar entre as causas.

5) CRISTÃOS

A comunidade cristã não está isenta. Numa pesquisa publicada pelo Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã (Bepec), 47,48% dos entrevistados responderam ver pornografia através de alguma mídia (internet, televisão ou revistas).

 

 GATILHOS PARA O CONSUMO 

As pessoas podem consumir pornografia por diversas razões. Crianças, porque estão sendo influenciadas por algum adulto ou porque alguém as deixou vulneráveis diante desses conteúdos. Adolescentes, porque foram motivados pela curiosidade ou por um grupo de amigos. Adultos, geralmente, pelo desejo sexual e para acompanhar outro vício: a masturbação. Contudo, existem inúmeros “gatilhos” que levam as pessoas ao consumo. A psicóloga Ivanildes Magalhães listou vários fatores impulsionadores, são eles: solidão, ociosidade, curiosidade, estímulos de parceiros ou amigos, estresse, ansiedade e influência da mídia e de filmes e séries.

Segundo Ivanildes, algumas pessoas são motivadas por vários “gatilhos” e, às vezes, por um só. Mas o fato é que se colocar ou estar em situações que podem o levar ao consumo é um grande risco. “O melhor é sempre fugir, saber os seus limites e não achar que é forte o suficiente sem antes reconhecer que existe um problema sério a ser tratado com ajuda familiar e profissional”, recomenda a especialista.

 

Em abril, o consumo de pornografia cresceu 25%. Segundo especialistas, o isolamento social por conta da pandemia no novo Coronavírus pode ser um dos motivos. Saiba mais no vídeo

VÍCIO NO PRESENTE

Em seu site yourbrainonporn.com, o pesquisador Gary Wilson afirma que muitos acreditam que apenas as substâncias químicas podem causar dependência, no entanto, os neurocientistas que estudam os efeitos da dependência, definem o vício como o conjunto de quatro situações:

  1. Compulsão para utilizar;
  2. Continuação de utilização;
  3. Incapacidade de controlar o uso;
  4. Desejo de satisfação psicológica e física;

Esses fatores podem ser encontrados em pessoas que assistem com frequência à conteúdos pornográficos.

CONSEQUÊNCIAS NO FUTURO 

O psicólogo clínico Christofer William afirma em seus estudos que os problemas a curto prazo são imperceptíveis, porém, com o passar do tempo essa prática pode acarretar sérias consequências. “Como a ativação é cerebral e a resposta sexual humana é centrada no cérebro, a longo prazo, a excitação passa a ser condicionada a novidade na pornografia, fazendo com que a resposta sexual só aconteça quando houver o estímulo pornográfico, podendo levar até a falha na resposta sexual ou ausência, sem que haja nenhum problema nos órgãos sexuais” completa.

PORNOGRAFIA PARA ‘APIMENTAR’ A RELAÇÃO FUNCIONA MESMO?

Ao contrário do que se pode pensar, a pornografia não auxilia a relação sexual. “Ela ativa o ciclo de recompensa do cérebro – mecanismo que trabalha em conjunto com outras áreas do cérebro proporcionando uma sensação de prazer e faz com que ele aprenda a repetir o comportamento mais de uma vez. As imagens, vídeos, sons e histórias aparentam “apimentar” em um primeiro momento, porém, com algumas repetições, o usuário da pornografia terá que mudar o tipo de conteúdo para ter a mesma resposta, o que significa que ele começou a criar dependência” afirma o psicólogo clínico Christofer William.

DISFUNÇÃO SEXUAL 

Para um número considerável de profissionais de saúde, o comportamento sexual compulsivo estimulado pela pornografia é responsável por mais de 80% dos problemas sexuais masculinos, incluindo a disfunção erétil. Indivíduos acostumados a se masturbar sozinhos com conteúdo pornográfico estão habituados a ter o controle total da própria experiência sexual, portanto, não estão adaptados a variáveis importantes no sexo a dois, como as necessidades de um parceiro na vida real e o próprio papel dentro da relação sexual, afirma Clare Faulkner, terapeuta psicossexual e de relacionamento, ao The Guardian.

PROBLEMAS NO RELACIONAMENTO A DOIS

Vários estudos, como o “Romantic Partners Use of Pornography” (Parceiros românticos usam pornografia – tradução livre), do médico A. J. Bridges, ressaltam que a mulher que sabe sobre o consumo de pornografia do seu parceiro tem um sentimento de traição e falta de confiança. Os custos psicológicos a que fazem referência os autores em situações como esta podem desencadear outras consequências no casal, como o divórcio.

Segundo dados da Sociedade Americana de Advogados Matrimoniais, 56% dos 350 casos atendidos em 2003 tinham relação com o interesse obsessivo de um dos parceiros por sites pornográficos, e os números só aumentam.

CÉREBRO DESLIGADO 

Segundo um estudo alemão publicado na revista “JAMA Psychiatry“, da Associação Médica Americana, existe um vínculo negativo entre o ato de ver pornografia durante várias horas por semana e o volume de matéria cinzenta no cérebro.

Os voluntários foram submetidos a um exame de ressonância magnética do cérebro para medir seu volume e observar como ele reagia às imagens pornográficas.

Na maioria dos casos, quanto mais pornografia os indivíduos viam, mais diminuía o corpo estriado do cérebro, uma pequena estrutura nervosa bem abaixo do córtex cerebral. Os cientistas também observaram que, quanto maior o consumo de imagens pornográficas, mais se deterioravam as conexões entre o corpo estriado e o córtex pré-frontal, que é a camada externa do cérebro encarregada do comportamento e da tomada de decisões.

O ator hollywoodiano Terry Crews contou como a pornografia afetou sua vida num vídeo em sua conta pessoal no Facebook.

COMO VENCER A PORNOGRAFIA

Para vencer o vício é necessário mudar o hábito. A dificuldade é que, muitas vezes, os anos de vício reforçaram tais comportamentos, afirma o psicólogo Christofer William. “Há de se evitar por completo acesso aos conteúdos pornográficos, alterar a rotina que leva a buscar, procurar ajuda de pessoas de confiança e de um psicólogo”, recomenda. O especialista ainda completa: “Um hábito formado o acompanha para o resto da vida. Mesmo que esse não esteja ativo, estará sempre pronto para voltar.” Portanto, apesar da curiosidade, principalmente dos adolescentes, ser normal,  não precisa ser suprida pela pornografia.

DICAS RÁPIDAS 

Reconheça sua fraqueza

Peça forças a Deus

Tenha práticas devocionais

Faça exercícios

Substitua o mau hábito: faça uma lista de coisas que você pode fazer quando chegar a tentação de ver pornografia

Elimine qualquer método de acesso

Cuidado com a autoconfiança excessiva

'CHEGUEI A FICAR 5H TRANCADO NO QUARTO'

O depoimento a seguir é real e aborda a luta de um homem para vencer a pornografia. Usamos as iniciais do seu nome (A.S) para preservar sua identidade. A fonte mora no interior de Minas Gerais e está noivo. Confira o relato a seguir:

“Pra mim é muito difícil falar sobre isso, mas quero que minha experiência seja benéfica para outras pessoas. Não tive muita orientação sobre sexualidade em casa, sei que não é desculpa, mas acho que explica muito do que eu passei. Descobri os prazeres que podia obter com meu corpo sozinho. Não sabia se era certo ou errado, na verdade nem sabia se todo mundo praticava isso, mas depois ouvi meus colegas da escola conversando e entendi que era algo normal. Um dia um amigo me mostrou um vídeo de sexo no celular dele, fiquei com muita vergonha e não quis ver tudo, mas confesso que fiquei curioso pra ver como seria. Foi então que busquei no computador de casa por vídeos de sexo, não sabia que era possível achar tanta coisa. Assisti três ou quatro vezes, vários vídeos diferentes, mas me senti culpado, porém, a sensação era muito boa e eu queria mais. Comecei a assistir todos os dias, queria descobrir tudo que era possível fazer com uma mulher. Cheguei a ficar cinco horas trancado no meu quarto durante as férias assistindo e… bom, todos sabem. Foi então que os vídeos normais não me satisfaziam mais, estava assistindo a cenas pesadas de sexo com muita violência sendo que no início eu me sentia mal de ver uma mulher nua na tela do computador. Quando comecei a namorar, achei que sabia tudo, entendia todos os segredos para agradar uma mulher e deu certo no início, consegui várias parceiras, mas parecia que não era real. É muito difícil admitir o ponto que cheguei: O sexo com mulheres reais não tinha sensações tão reais como as que eu sentia enquanto assistia a outras pessoas fazendo sexo. Tem também o fato de que as mulheres com quem eu dormia não topavam fazer tudo que eu queria e isso me deixava com muita raiva. Enfim, não sei como eu poderia ter ido mais longe. Eu não seria capaz de assistir todos os vídeos pornô da internet, mas já tinha visto todos os tipos possíveis. Cheguei ao ponto de quebrar meu computador, porque os vídeos não estavam mais me satisfazendo. Minha atual namorada me pegou uma vez no quarto assistindo um vídeo com fones de ouvido, ficamos quase um mês sem nos falar, mas depois ela me procurou e ofereceu ajuda. Embora estivesse muito envergonhado, sabia que não poderia ficar naquela situação e se tinha alguém que estava disposto a me ajudar eu queria aceitar, afinal, ela já havia descoberto mesmo. Hoje vivo uma luta constante pra não pesquisar besteira na internet. Tento me concentrar no porquê de eu ter decidido parar, quero ter uma vida saudável, mentalmente e fisicamente, quero que minha namorada sinta prazer em estar comigo e eu com ela. Às vezes, não resisto, mas sei que essa é uma luta longa e eu vou ganhar”.