Como vencer a depressão: diagnóstico e cura

Mais de 300 milhões pessoas enfrentam a depressão em todo o mundo. Você não precisa ser uma delas. Descubra aqui qual o diagnóstico e cura.

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O Poder do Amor

Ela pode estar escondida atrás de um sorriso, de um relacionamento ou até mesmo das fotografias daquela viagem dos sonhos.

A depressão pode levar pessoas ao fundo do poço. Mas se você chegou lá, ou conhece alguém nessa situação, não se desespere. É possível recomeçar.

Se a falta de apetite se torna frequente, o aumento de peso evidente e a tristeza se mostra quase permanente, fique alerta: pode ser que você esteja enfrentando a depressão, um transtorno de humor que pode resultar em alterações físicas e psicológicas. Ela não avisa quando vem, quanto tempo ficará e não pede licença para entrar.

Assim, de modo invasivo, mais de 300 milhões de pessoas (Organização Mundial da Saúde) precisam conviver com ela em todo o mundo. Isso equivale à população do Brasil, da Argentina e do Peru. Ou seja: é muita gente. Mas, por enquanto, vamos deixar os números de lado e falar sobre o que leva alguém a enfrentar essa realidade.

Silenciosa, a depressão nem sempre é facilmente identificada, mas pode, aos poucos, paralisar a vida de muitas pessoas. Mas atenção: sempre é possível recomeçar com a ajuda certa. 

Entrevista com especialista

Karyne Correia

Psicóloga e mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo.

O que é depressão?

KC: É um transtorno de humor caracterizado pela presença do humor deprimido na maior parte do tempo e/ou a perda de prazer nas coisas, além de outros sintomas que ocorrem em paralelo a estes, como alteração do sono, do peso, pensamentos suicidas, fadiga, dificuldade de concentração e outros. Para que alguém seja diagnosticado com depressão é preciso ter uma quantidade mínima de sintomas ocorrendo durante um determinado período de tempo.

A vida é feita de experiências. Algumas são extremamente positivas, e geram alegria e felicidade. Por outro lado, ninguém está isento de situações dolorosas, que deixam marcas profundas na mente. Pode ser um problema financeiro, desilusão amorosa, divórcio, e até a perda do emprego ou de uma pessoa querida.

É justamente aí que a depressão encontra uma brecha. Fatores como o abuso de álcool e drogas – e as complicações que deles advém -, o uso indevido de remédios e a constatação de doenças graves, como o HIV ou câncer, são situações traumáticas que também abrem uma fresta para que ela entre pela porta da frente.

De que modo a depressão afeta o comportamento e pensamento?

KC: Os sintomas da depressão são cognitivos (pensamentos e emoções) e comportamentais. Eles variam de pessoa para pessoa, mas, em geral, há muita coisa em comum, como a alteração do sono, apetite, falta de vontade de fazer as coisas, um sentimento de culpa inadequado, capacidade diminuída de se concentrar. Observa-se também um retardo psicomotor que pode ser observado na forma lenta como a pessoa passa a executar atividades que antes realizava de forma mais ágil, os pensamentos se tornam mais negativos e o humor depressivo na maior parte do tempo.

 

O diagnóstico de Luís Gustavo Ferreira veio aos 13 anos como resultado dos diversos problemas familiares que enfrentava, sobretudo no relacionamento com os pais. Ele se sentia inútil, incompetente e considerava que sua vida seria insignificante para o curso da história da humanidade. “Eu tinha uma visão niilista mesmo antes de saber o que era niilismo. Isso não é coisa de uma criança de 12, 13 anos falar”, avalia.  

Ele enfatiza que nem sempre dá para perceber que os sentimentos que se sobressaem são parte da estrutura da depressão. Por isso, acredita que muitas pessoas a têm, mas não sabem do que se trata. “Não é uma doença que, de cara, acordamos um dia e falamos: ‘nossa, estou deprimido’”, explica ao ilustrar que existe um processo até que a situação chegue a esse estágio.

DE OLHOS ABERTOS 

Mas como identificar se a depressão está chegando ou se já passou a viver debaixo do mesmo teto? É preciso fazer uma autoanálise e ficar atento ao que as pessoas mais próximas dizem a respeito de suas atitudes. Por exemplo: mudanças no comportamento e na aparência física – como a diminuição ou ganho de peso – são duas das principais alterações que se nota.

Nessa condição, perde-se o interesse por atividades que antes eram prazerosas, além de se evitar muitas interações de natureza social, o que resulta em um afastamento do círculo de convívio e em mais momentos de solidão. O humor também passa por transformações frequentes, sobretudo, há a prevalência de um profundo sentimento de tristeza, imunidade baixa, dores no corpo, cansaço e distúrbios do sono.

Quais consequências a depressão pode gerar?

KC: A depressão compromete todas as áreas da vida. A pessoa pode passar a ter um rendimento ruim no trabalho e problemas nos relacionamentos, incluindo um isolamento social. A saúde física pode ser prejudicada uma vez que os hábitos alimentares ficam alterados, assim como o sono. Não consigo perceber uma área que não sofra prejuízo.

Teste

Sente desmotivação para fazer coisas simples no dia a dia?

Tem dificuldades para dormir?

Sente-se triste e infeliz?

Tem fome compulsiva ou falta de vontade de comer?

Quando seus amigos lhe convidam para sair, você:

Você pensa em suicídio?

Em relação ao futuro, você:

Você está bem. Continue a ver a beleza da vida, conviva com as pessoas e ajude aquelas que, porventura, não estejam em uma situação tão favorável como a sua. Valorizar o outro e estar atento às suas necessidades pode fazer toda a diferença. Saiba Mais

Fique alerta. Você não está em um estágio preocupante, mas é bom sempre avaliar suas decisões, atitudes e comportamento. Se tiver dúvidas, procure um profissional especializado para uma avaliação de rotina. Não permita que a depressão entre em sua vida. Saiba Mais

Se esses sentimentos já persistem por mais de duas semanas, procure um profissional para lhe dar um diagnóstico mais preciso e, se necessário, lhe ajudar. Não deixe a depressão fazer de você uma vítima. PROCURE AJUDA! Saiba Mais

Às vezes, esse estado de turbulência emocional força a pessoa a usar máscaras para simular que tudo está bem. “Passo a maior parte do meu dia sozinho. Não interajo muito. Mas com meus amigos sempre tento parecer pra cima, mas nunca estou”, revela Luís Gustavo Ferreira, que hoje, aos 26 anos, mora sozinho em uma cidade do interior paulista.

Em sua definição, depressão é algo que paralisa e faz com que o indivíduo deixe de sentir que pode dar alguma contribuição para outras pessoas. “Você só existe no seu mundo de solidão e vazio. Você deixa de acreditar em si, de perseguir sonhos e metas”, sublinha o jovem, que abandonou o desejo de fazer intercâmbio e de se dedicar à música.

FALTA DE COMPREENSÃO

Por vezes, a pessoa que vive essa situação é incompreendida. Seu comportamento é visto com descaso e classificado de formas que afastam ainda mais o indivíduo do convívio social. No caso de Luís, por exemplo, falta, por parte de seus pais, conhecimento sobre o que ele enfrenta no dia a dia. “Eles ainda têm a mentalidade de que depressão é preguiça, frescura ou falta do que fazer”, desabafa.

Por isso, a proximidade é uma das maneiras de evitar que o distúrbio seja tratado dessa forma. Quando se demonstra interesse em ouvir o que o outro tem a dizer, a possibilidade de empatia se torna muito maior. Ler sobre o assunto também pode ajudar a entender a dor carregada, os desafios e que ações podem ser colocadas em prática a fim de prestar auxílio.

Como deve ser a relação das pessoas com aqueles que enfrentam a depressão?

KC: Realmente ainda existe muito estigma em torno da condição do deprimido. Quem convive com ele precisa estabelecer uma relação acolhedora, não preconceituosa e disposta a ajudar, ainda que os resultados diários de todo o esforço da ajuda pareçam ser insignificantes. 

Para ajudar, o primeiro passo é buscar compreender melhor o que é a depressão. Sem romper com os estigmas, não produzimos condutas adequadas. Outro fator importante é buscar ser um suporte para a pessoa, respeitando a forma como ela se sente, mas buscando colocá-la em contato com experiências que possam ser boas e que a motivem a reagir. Devemos, ao conversar, focar nos aspectos positivos da vida, convidar a pessoa para eventos ou situações em que ela poderá se sentir um pouco melhor e incentiva-lá a buscar ajuda profissional.

“Eu creio que a principal forma de ajudar seria se fazer presente na vida de quem sofre depressão. Por mais que a pessoa se feche e se isole, é importante saber que existe alguém com quem contar”, acredita Luis Gustavo Ferreira. 

A depressão não escolhe alvos.

Abaixo, conheça personalidades da história que conviveram com ela:

Beethoven

Ludwig Van Beethoven, um dos mais reconhecidos compositores de todos os tempos, também enfrentou a doença. Ele teve uma vida marcada pela dor. Quando criança, foi forçado pelo pai a estudar piano durante várias horas por dia para se tornar um prodígio, assim como Mozart, Ele perdeu a mãe na adolescência e precisou cuidar dos irmãos, já que o pai havia perdido o emprego por causa do alcoolismo. Sofreu desilusões amorosas que impactaram sua vida e, aos 26 anos, começou a perder a audição, fatos que o transtornaram profundamente.

Santos Dumont

Considerado o pai da aviação, Santos Dumont trabalhou incansavelmente para provar que o homem poderia voar. Fez da França o seu laboratório de testes, até conseguir, em 1901, voar ao redor da Torre Eiffel com seu dirigível n.6. O 14-bis foi sua grande contribuição para o desenvolvimento da aviação. Mas a esclerose múltipla, que o atingiu aos 30 anos, e o desgosto ao ver sua invenção ser usada como instrumento de guerra o levaram à depressão profunda e ao suicídio em 1932.

Winston Churchill

O poderoso ex-primeiro-ministro britânico se tornou mundialmente conhecido por sua atuação durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Reino Unido sofreu duros golpes da Alemanha nazista. Tendo dedicado praticamente toda a energia à política, Churchill tinha um temperamento forte e enfrentou crises depressivas ao longo da vida. A esses períodos ele dava o nome de “cão negro”.

Adele

Aclamada pela crítica, a cantora britânica Adele enfrentou a depressão após o nascimento de seu filho. Ela revelou ter “um lado muito escuro” e ser “muito propensa à depressão.” Mas seu histórico começou ainda cedo, aos 10 anos, quando perdeu o avô. Quando jovem, chegou a fazer terapia para enfrentar o que ela chamou de seu “lado muito escuro.”

Padre Marcelo Rossi

Conhecido em todo o Brasil, principalmente por sua carreira musical e literária, o padre Marcelo Rossi lutou contra a depressão, que o levou a perder 60 quilos. Depois de vencer o transtorno, que ele diz ter conseguido com a ajuda das pessoas que “me diziam coisas ótimas, cantavam pra mim “, Rossi também escreveu livros que buscam ajudar outras pessoas a ter o mesmo êxito.

VOLTE A SORRIR 

A depressão pode ser vencida? De acordo com os especialistas, sim. Nesse processo, alguns passos são fundamentais:

  • Procure ajuda profissional. Dessa forma, você conseguirá ver soluções que hoje podem não estar tão à sua frente. Além disso, o acompanhamento lhe dará um norte para que você se recupere.
  • Ocupe seu tempo. Tenha uma atitude positiva e mude hábitos. Descubra um novo hobby ou volte a praticar atividades que um dia lhe fizeram feliz.
  • Pratique exercícios físicos. Para isso você não precisa passar horas e horas na academia. Descubra o que lhe dá prazer: caminhar, andar de bicicleta ou a prática de um esporte. Isso lhe ajudará a ter mais disposição e, ao mesmo tempo, investir em sua saúde.
  • Tenha uma alimentação saudável. Prefira opções ricas em nutrientes e fuja daquelas besteirinhas que só trazem prejuízo ao organismo. Tenha sempre à mesa frutas e verduras.
  • Invista em conversas positivas. Deixe os problemas de lado e procure olhar para o lado bom das coisas. Não permita que a tristeza ou ideias negativas façam parte do seu dia a dia.
  • Passe mais tempo com seus amigos ou com quem você ama. Os relacionamentos têm um poder restaurador. Permita-se ter pessoas ao seu redor e a fazer parte da vida delas.
  • Tenha esperança. Planeje uma viagem, faça planos para o futuro, inicie um novo curso, dedique tempo para ler e aprender coisas novas, fortaleça sua vida espiritual.
  • Ajude outras pessoas. Pode ser que alguém muito especial para você também esteja enfrentando a mesma situação. Ofereça seu ombro, ouça-a e lhe dê atenção. Isso pode mudar tudo.

 

De que maneira é possível voltar a ter uma vida normal?

KC: Primeiro, reconhecendo que a depressão existe, e buscando o tratamento adequado para cada caso. Em termos práticos, desenvolver uma mentalidade mais adequada, corrigindo as distorções produzidas pela mente deprimida e agir a despeito da vontade (porque quase não se tem vontade pra nada na depressão e não se pode ficar esperando que ela apareça) são passos bem importantes.

“Creio que a principal lição seja a compreensão de que a mente governa a nossa vida.  Nós podemos aprender a governar a nossa mente. Quem passa pela depressão e aprende essas lições se torna alguém muito mais forte e emocionalmente saudável do que era antes de ter desenvolvido esse problema”, acredita a psicóloga Karyne Correia. 

 

Não importa a posição social, profissão ou a quantidade de dinheiro disponível na conta bancária: a depressão pode atingir toda e qualquer pessoa. Mas existe, além de tudo o que você aprendeu até aqui, outra maneira de vencê-la: com a ajuda de Deus. A Bíblia traz esperança para quem passa por um momento tão delicado como esse. Saiba Mais.